domingo, 11 de setembro de 2011

Bandidos usam a criatividade a serviço do crime

É de se pensar o que poderia ser feito caso tanta criatividade estivesse a serviço do bem público. A cada dia surgem novas formas de tentar introduzir drogas dentro das cadeias e presídios.
Na maioria das vezes, com o transporte dos entorpecentes tendo como protagonistas um parente ou namorado do detento. A justificativa para a prática do crime é sempre a mesma: "estou tentando ajudá-lo". Mas não adianta tentar invocar solidariedade familiar, fazer juras de amor, nem ode à amizade, pois a prática é qualificada como tráfico, independentemente da quantidade encontrada.
Foi o que ocorreu no dia três deste mês, quando Franciele Ferreira da Silva, 19 anos, foi presa em flagrante tentando passar 120 gramas de maconha ao namorado que está preso na cadeia de Sarandi, usando como esconderijo sete ovos de galinha. Ela está detida e aguarda julgamento.
O caso ganhou repercussão na imprensa nacional graças ao inusitado do recipiente para a droga, mas está longe de ser um fato isolado.
No fim de junho, também na delegacia de Sarandi, Lúcia dos Santos Oliveira, 49, foi detida ao tentar passar 15 gramas de maconha dentro de um tubo de pasta de dente. A droga era para o filho John Lennon, que está preso por roubo.
Casos de flagrante iguais a esses, segundo o chefe de carceragem em Sarandi, Rodrigo Biff, são registrados, em média, uma vez por mês.
"Temos de ficar atentos e fazermos sempre uma revista muito rigorosa. Não vou dizer que é perfeito, mas é difícil alguém conseguir passar", afirma. Biff explica que, no caso dos ovos recheados, a desconfiança veio por causa do peso mais leve do que o habitual; no episódio da pasta de dente, estranhou-se a rigidez do tubo, que foi aberto para ser constatada a maconha.
Em outros casos inusitados, foram encontradas porções de maconha dentro de um pé de alface e atrás do rótulo de uma garrafa PET de coca-cola - cheia. "Na maioria dos casos, mesmo antes da revista a gente já desconfia, porque a pessoa fica nervosa", destaca.
Divulgação
Omelete que não deu certo: os ovos recheados com maconha foram descobertos por causa do peso
Maringá
No minipresídio da 9ª Subdivisão Policial (SDP), em Maringá, as tentativas de entrada de drogas são ainda mais constantes. Segundo o chefe de carceragem, Josué Batista Nunes, a cada 15 dias é registrado algum flagrante do gênero.
Os esquemas vão desde métodos prosaicos, como jogar drogas por cima do muro da delegacia para atingir o pátio, até técnicas de engenharia avançada, como fundos falsos de marmita e chinelos havaianas com compartimentos secretos para alojar maconha.
"As pessoas são criativas no que fazem, temos de admitir", atesta Nunes. Para conseguir deter a entrada ilegal, a vigilância tem de se redobrar em cuidados. Auxiliar de carceragem, Eliana Chueri já flagrou, em cinco anos de profissão, quatro casos de mulheres que traziam drogas e telefones dentro da vagina.
"Fiquei impressionada quando uma mulher conseguiu colocar lá dentro um celular, modelo antigo, embrulhado em papel carbono e dentro de uma camisinha. Está na minha memória até hoje a cena", diz.
O método para evitar esses casos é levar as visitantes a fazerem exercícios de agachamento, em quatro ou cinco repetições. "O triste é que, na maioria das vezes, são pessoas reincidentes", afirma Eliana.
Práticas identificadas pelos carcereiros durante as revistas feitas nos objetos transportados pelos visitantes dos detentos

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