As divergências a respeito do número de vereadores passaram a gerar retaliações entre grupos de vereadores na hora do voto, fato que ficou evidente na sessão ordinária de ontem, na reprovação de um projeto de resolução que havia sido aprovado na sessão anterior, em primeiro turno, por unanimidade.
Por 8 votos a 6, a Câmara rejeitou o projeto que concedia licença ao segundo secretário do Legislativo, Flávio Vicente (PSDB), para viagem à Itália, França e Alemanha.
O vereador, que no passado já representou a Câmara em viagem aos EUA, acompanharia uma missão empresarial que contará com técnicos de vários setores e com o prefeito Silvio Barros (PP).
Na terça-feira, Vicente conquistou apoio unânime dos colegas ao informar que estava disposto a bancar do próprio bolso parte das despesas.
O custo estimado da viagem à Europa, por integrante, será de R$ 26 mil, mas a Câmara só aceitou bancar R$ 15 mil. "Não estaria viajando numa época [conturbada] dessas se não fosse estritamente importante", alegou Vicente.
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Hossokawa e Flávio Vicente, que teve a viagem para a Europa rejeitada, após ser aprovada na terça-feira
Ontem, a licença foi reprovada após corpo-a-corpo capitaneado por John Alves (PMDB), Mário Verri (PT) e Marly Silva (DEM). Irritado com a mudança de voto, Vicente alegou se tratar de retaliação. "Dos 8 votos contrários à viagem, seis defendem 21", contou.
"Isso é coisa de gente que está vendo aí uma forma de retaliar, de prejudicar um projeto que tinha sido aprovado por unanimidade. É um julgamento meramente político da minha pessoa", declarou o vereador.
Nas justificativas de voto, a alegação do grupo contrário à viagem foi na linha de que "se não dá para gastar com mais vereadores, não dá para gastar com viagens". "Se é para fazer economia, então vamos fazer economia", disse John.
"Parece um valor (R$ 15 mil) um pouco caro. Estive recentemente na Europa, a passeio, e gastei R$ 6 mil", lembrou Marly. "Também fiquei triste quando não conseguimos as cinco assinaturas para a CPI da Saúde, nem por isso fiz retaliações", disse Humberto Henrique.
Indignado com a alegação de retaliação, Luiz do Postinho (PRP) contra-atacou. "Posso ter cara de bobo, mas não estou aqui de bobeira não. Tome mais cuidado com suas palavras", desabafou. Paulo Soni (PSB) partiu em defesa de Vicente. "Ele se programou para essa viagem, cancelou aulas na faculdade, desmarcou compromissos. O certo era ter derrubado o projeto na terça ainda".
Barrado
A sessão prosseguiu com requerimento que concedia o uso da tribuna a três representantes do movimento que defende a Câmara com 23 vereadores e do grupo de cerca de entidades, que querem a permanência em 15.
Apenas o movimento pró-23 enviou representantes, entre eles o presidente municipal do PMDB, Umberto Crispim, que teve a participação barrada pelo presidente da Câmara, Mário Hossokawa (PMDB). No primeiro semestre deste ano, os dois travaram disputa pelo comando do partido, que permaneceu nas mãos de Crispim. Ontem, na sala reservada à imprensa, Hossokawa garantiu que o veto ao rival político não foi pessoal.
"A sociedade civil organizada fazer uso da tribuna tudo bem, mas presidentes de partidos políticos não".
Propostas
Da tradicional base do prefeito versus bancada de oposição, o Legislativo ganhou, por esses dias, uma nova queda-de-braço: turma que quer mais vereadores versus time que, atendendo ao anseio da maioria da população, pede a permanência em 15.
Para apimentar ainda mais a disputa, na terça-feira os vereadores terão de escolher entre 21 cadeiras (como primeiro propôs John), 23 (protocolado por Manoel Sobrinho) ou a diminuição para 9 com subsídio equivalente a um salário mínimo – emenda de protesto apresentada por Marly, que defende 21. Se nenhuma for aprovada, a Câmara segue com 15 vagas.
R$ 15 mil custaria aos cofres da Câmara a viagem de Flávio Vicente (PSDB) para a Europa
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