sábado, 3 de setembro de 2011

Reajuste do mínimo vai provocar demissões nas prefeituras

Os prefeitos do noroeste do Paraná dizem que não têm como pagar o novo salário mínimo, de R$ 619,21. Para a maioria, os pequenos municípios quebram ou ultrapassam o limite de gastos com pessoal. De acordo com o artigo 19 da Lei Complementar número 101, os gastos com o funcionalismo público não podem ultrapassar a metade da arrecadação.
"Como os pequenos não têm como aumentar as fontes de arrecadação, certamente serão obrigados a demitir", explica o vice-presidente da Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense (Amusep), Vanderlei de Oliveira Santini (PSB), prefeito de Ivatuba (a 46 quilômetros de Maringá).
Divulgação
Santini diz que os pequenos municípios
não têm como pagar o aumento
Para ele, a maior preocupação é como ficará a economia mundial no próximo ano. "Será que vai ter reflexo aqui dentro? Se nossa economia continuar a crescer em média 10% como vinha, dá para administrar o reajuste, mas se cair começa a preocupar", destaca. Santini lembra que além da massa de trabalhadores assalariados, os municípios têm os que estão acima e que certamente vão reivindicar o aumento.
"O mínimo é um piso que empurra tudo para cima e aí para acertar isso, tem que mexer na tabela, o que eleva o custo da prefeitura e acende o sinal vermelho lá no Tribunal de Contas, por ultrapassar o índice. Enxugar os quadros é a única solução", avalia.
Opinião semelhante tem o prefeito de Floresta (a trinta quilômetros de Maringá), Antônio Fuentes Martins (PMDB). Segundo ele, será uma quebradeira geral.
"O governo federal não chega a repassar 5% ao ano. Eu dei 8% de reajuste para o funcionalismo e estou me vendo em papos de aranha para fechar as contas. Nossa arrecadação é principalmente o repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Minhas contas estão controladas, mas na ‘raspa da casca de tatu’. Não tenho como pagar esse aumento. O jeito será demitir", ressalta.
Manoel Abrantes Neto (PSDB), de Iguaraçu (a trinta quilômetros de Maringá), também disse que já trabalha no vermelho e não tem como repassar o reajuste proposto.
"Com uma inflação que não chega a 6%, dar um aumento de 13% é complicado. A gente vive praticamente do FPM e não tem de onde tirar", declara. Ele afirma que a solução será demitir. "É cortar, cortar, cortar. Tudo o que for possível e mais um pouco. Municípios grandes conseguem se virar, mas os pequenos, com 10 mil habitantes para baixo têm que demitir", garante.

Orçamento
O novo valor do salário mínimo foi divulgado nesta quarta-feira, quando a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, entregou a proposta de Orçamento para o ano de 2012 ao Congresso Nacional.
Na medida, o Governo Federal propõe um aumento de 13,6% ao piso nacional praticado atualmente, que é de R$ 545. Assim, no próximo ano os trabalhadores dessa faixa salarial passarão a receber R$ 619,21.

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