sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"O crack tá liberado. Tá tudo dominado", diz viciada sobre o Centro de Maringá

A venda e o consumo de crack não estão restritos à Praça Raposo Tavares, no Centro de Maringá. Ontem (8), a reportagem de O Diário constatou o mesmo problema na Avenida Tamandaré, Rua Basílio Saltchuck, Praça da Patinação (Pedro Álvares Cabral), Praça Julio J. dos Santos (Zona 7), Praça Napoleão Moreira da Silva, Obelisco do Novo Centro, entorno do Estádio Willie Davids e em outros pontos bastante frequentados pelos maringaenses.
Na noite de ontem, enquanto travestis e prostitutas se posicionavam embaixo dos postes de luz da Avenida Brasil, rodinhas se formavam nos cantos mais escuros da Praça Renato Celidônio e ruas próximas. As vestes são padrão: agasalhos, a maioria com capuzes, e as mãos escondidas sob a blusa.
As demais pessoas que caminhavam pela rua, saindo do trabalho ou indo para a aula, usavam roupas de manga curta. "Onde a turma se junta à noite para fumar é perto da banca de revistas", aponta o funcionário de uma lanchonete. Não era o caso.
Entre as 19h30 e 21 horas, a reportagem rodou o Centro e não encontrou nenhuma viatura da Polícia Militar. Na Praça Raposo Tavares, uma equipe da Secretaria de Saúde estacionou uma Kombi e oferecia atendimento para o público. "São muitos os machucados, tem gente até sem pedaço da orelha. é grande a violência causada pela droga", disse uma assistente social, que não deu o nome – entrevistas, só com autorização de superiores, justificou.
O serviço de atendimento ambulatorial a moradores de rua e usuários de drogas acontece duas vezes por semana. Assim como no caso da assistência social, só recebe atendimento quem aceita a ajuda.
Entre os assistidos pela equipe da prefeitura estava um homem de cadeira de rodas, com o pé enfaixado, que não quis muita conversa. "Não bato foto minha não, que eu já tô muito queimado", disse.
RotinaO Diário retornou ontem à Praça Raposo Tavares. Novamente a presença da reportagem, que observava toda movimentação de perto, não foi suficiente para inibir a atividade. "Pode fotografar. O crack tá liberado. Tá tudo dominado", disse, em alto e bom som, uma jovem que consumia crack rente à mureta do teatro de arena.
Ao perceber que estava sendo observada, uma traficante se aproximou e ofereceu uma porção de crack ao repórter, que não estava à procura de droga, mas iniciou uma conversa com ela, perguntando onde ela morava. "Sou de São Paulo, estou aqui há apenas dois meses", respondeu a mulher, que informou ainda vender até 80 pedras da droga num único dia.
Na mesma praça, um rapaz moreno, aparentando cerca de 20 anos, também se aproximou e perguntou se a reportagem era de O Diário. Diante da resposta afirmativa, chamou o repórter até uma banca e apontou o dedo para a capa do jornal de terça-feira passada, na qual aparece um grupo consumindo crack.
"Você sabe quem são essas pessoas?, perguntou ele. Apesar de os rostos estarem distorcidos, de forma a impedir o reconhecimento, apontei ele na foto. "Então, veio, é nóis mesmo. Nóis é tudo usuário (sic). Pra que escrachar a gente?", disse ele, exibindo um sorriso sem graça.
Mapa do craque

Números

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