Nos 29 municípios da região de Maringá, a previsão de colheita do milho safrinha caiu 26%. É o que revelam dados preliminares sobre a safra 2010/11 do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab). Ao final do plantio, no início do ano, a expectativa para a região era de 850 mil toneladas de milho colhidas na safra de inverno. A colheita começa nesta semana e a previsão atualizada é de 625 mil toneladas.
A diferença de 225 mil toneladas representa de 3,75 milhões de sacas de 60 kg de milho. Na cotação de ontem (R$ 24,08 por saca), a perda é de R$ 90,3 milhões na região de Maringá.
João Paulo Santos
Antonio Pedrini colocou no campo, nesta semana, quatro colheitadeiras e 10 funcionários. Colheita deve durar até setembro
Segundo o Deral, a produção total de grãos no Paraná está estimada em 30,77 milhões de toneladas, com uma queda de 6% em relação ao ciclo anterior, que foi de 32,82 milhões de toneladas. Houve queda de 2 milhões de toneladas no volume total.
O Estado plantou uma área recorde de 1,72 milhão de hectares de milho da segunda safra, 26% acima do ciclo anterior (2009/10), com um potencial de produção de 8,19 milhões de toneladas, que acabou não se concretizando.
O levantamento mensal da produção referente a julho revela que deverão ser colhidos 5,19 milhões de toneladas. Só nessa cultura, são 3 milhões de toneladas de grãos a menos, provocando prejuízos da ordem de R$ 1,22 bilhão aos produtores.
A baixa está ligada às fortes geadas ocorridas na última semana de junho. Em Maringá, a temperatura mínima registrada foi de 0º C e em Floresta, de –1,5º C. Boa parte do milharal estava em fase de desenvolvimento de grãos, com grande quantidade de água nas espigas. Com a geada, as estruturas da planta acabaram congeladas.
O economista do Deral em Maringá, Dorival Aparecido Basta, diz que 21% das lavouras se desenvolveram sem problemas. Foram as que tiveram plantio antecipado, atravessaram a geada em fase avançada e não sofreram o congelamento das espigas.
"Nas lavouras da região de Maringá, hoje temos 39% do milho em situação ruim, 40% em condições médias e 21% em boa condição", afirma Basta. As condições regionais são piores que a média do Paraná, onde atualmente 32% das lavouras estão ruins, 39% médias e 29% boas.
Os produtores rurais, que plantaram milho em 195.600 hectares nos 29 municípios da região, colheram cerca 2% do previsto. A expectativa do Deral é que todos estejam colhendo até a primeira semana de agosto. Da área plantada, 5.600 hectares foram "queimados" pela geada e aproveitados para silagem. Em outros 10 mil hectares, o milho já é considerado perdido.
Quem antecipou o plantio e passou incólume à geada terá lucro recorde. Isso porque a produtividade alta coincide neste ano com uma das maiores cotações históricas para o milho: R$ 24 por saca de 60 kg. "Entre esses 2% já colhidos, de lavouras antecipadas, a média de produtividade é altíssima: 6.000 kg/ha", explica Basta. Em relação ao mesmo período do ano passado, a cotação subiu 80%.
A produtividade média da região deveria ser de 4.800 kg/ha, mas caiu para 3.500 kg/ha depois da geada. Para o economista do Deral, os que mantiveram as lavouras entre os 21% considerados bons terão grande lucro. "É claro que vai haver muita gente que vai colher pouco milho, mas a alta cotação acaba compensando um pouco", avalia.
No inverno do ano passado, a região de Maringá colheu 768.786 toneladas de milho e teve produtividade média de 5.060 kg/ha, mas o preço não era dos melhores: em julho de 2010, a cotação média do Paraná era R$ 13,43 por saca de 60 kg. Em todo o Paraná, o milho foi plantado em 1,7 milhão de hectares. A expectativa de colheita, antes da geada, era de 7,4 milhões de toneladas.
Saiba mais
As regiões do Estado mais atingidas com a quebra de produção de milho da segunda safra, segundo o Deral, foram a oeste, centro-oeste e norte. As regiões oeste e centro-oeste, que concentram 52% da produção do milho safrinha, registraram quebras de produção de 37% e de 26%, respectivamente. A região Norte, responsável por 36% da produção, registrou quebra de 45%.