sábado, 16 de julho de 2011

Obras de rebaixamento da linha férrea danificam imóveis na Zona 6 de Maringá

Moradores e comerciantes vizinhos à linha férrea na Zona 6, em Maringá, estão preocupados. Depois do início das detonações, necessárias para o rebaixamento da ferrovia, problemas estruturais surgiram em imóveis próximos.
Uma casa na Rua Campos Salles foi interditada e será demolida após apresentar rachaduras e o muro dos fundos desabar. A interdição foi feita há 3 meses pela empreiteira CR Almeida, responsável pelas obras. A empresa está construindo outra casa na parte da frente do terreno.
Damião diz que explosões comprometeram
estrutura da lanchonete
O lote abriga dois imóveis: o que será demolido e outro, que não apresenta problemas. A proprietária, Neuza Martins Ferreira, 74 anos, reside no local há 50 anos. Segundo ela, as rachaduras apareceram há cerca de 3 meses, depois que começaram as detonações.
A casa interditada era ocupada pela família da filha dela Neuza. "Enquanto não fica pronta a nova casa, minha filha está morando em uma alugada, mas é a empreiteira que paga o aluguel", explica.
Na Rua Santo Amaro, outro imóvel tem problemas. "A cada 15 minutos há explosões. Daí cai o rádio no chão, quadros despencam da parede. Está insuportável", diz a proprietária Zélia Lino de Moraes, 41.
A casa é de madeira com piso de alvenaria. Ela conta que há rachaduras com dois e três centímetros de largura no chão da cozinha e que a parede do quarto cedeu. "O chão está afundando e tive que calçar os móveis que ficavam inclinados", acrescenta.
Zélia diz que a empreiteira tem arcado com avarias causadas pelas explosões. "Dias desses, estourou um cano de água e a conta passou de R$ 200. Não sei quem procurar. Tenho pedido paciência a Deus para suportar".
Na segunda-feira passada, a Defesa Civil interditou a Lanchonete Brumatel, na Avenida 19 de Dezembro, esquina com Campos Sales. As vigas que sustentam o telhado do imóvel se partiram e ameaçam cair.
Damião Cândido dos Santos, 58, dono da lanchonete, mudou-se para um prédio próximo, na mesma quadra. Na quinta-feira, ele terminava a mudança e lamentava. "Não vai caber tudo que tinha no outro prédio. Lá eram 60 metros quadrados, aqui são cerca de 30", compara. "Tive que deixar muitas coisas lá".
A lanchonete funcionava no local há 9 anos. Ele reclama que perdeu 80% de sua clientela depois que começaram as obras. "Há um ano fiz uma reforma na lanchonete e gastei R$ 60 mil que emprestei do banco. Agora, estou endividado e sem poder trabalhar". Santos conta que a empreiteira ofereceu R$ 4 mil, mais a reforma do imóvel, mas não houve acordo. "Agora, procurei um advogado", informa.
Mais moradores da região reclamaram de fissuras nas paredes e lajes de seus imóveis. Na Rua Sant’Ana, o estudante Renato Terra, 21, conta que depois das explosões partes do gesso da casa onde mora caíram.
Procurada por O Diário, a empreiteira CR Almeida afirmou que os esclarecimentos sobre o problema caberiam à Urbamar (Urbanização de Maringá), órgão responsável pela fiscalização da obra. Segundo a Urbamar, cada caso está sendo analisado.
"As detonações acontecem a 250 ou 300 metros de distância das edificações. No caso da lanchonete, é o imóvel que fica mais distante, na outra ponta da quadra", diz Edson Cantadori Filho, assessor técnico da Urbamar e responsável pela fiscalização das obras. Ele diz que há imóveis que têm problemas antes mesmo do início das obras.
Segundo Cantadori, as situações mais problemáticas são administradas pela empreiteira e nem passam pela prefeitura. "A CR Almeida está dando assistência a essas pessoas. Quem tiver dúvidas, deve procurá-la".
Ele informa que a construtora vai contratar uma empresa para saber se as explosões estão realmente prejudicando os imóveis. Cantadori explica que as detonações, que deve prosseguir até meados de agosto, são necessárias porque o terreno é rochoso.

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