Uma casa na Rua Campos Salles foi interditada e será demolida após apresentar rachaduras e o muro dos fundos desabar. A interdição foi feita há 3 meses pela empreiteira CR Almeida, responsável pelas obras. A empresa está construindo outra casa na parte da frente do terreno.
Damião diz que explosões comprometeram
estrutura da lanchonete
Na Rua Santo Amaro, outro imóvel tem problemas. "A cada 15 minutos há explosões. Daí cai o rádio no chão, quadros despencam da parede. Está insuportável", diz a proprietária Zélia Lino de Moraes, 41.
A casa é de madeira com piso de alvenaria. Ela conta que há rachaduras com dois e três centímetros de largura no chão da cozinha e que a parede do quarto cedeu. "O chão está afundando e tive que calçar os móveis que ficavam inclinados", acrescenta.
Zélia diz que a empreiteira tem arcado com avarias causadas pelas explosões. "Dias desses, estourou um cano de água e a conta passou de R$ 200. Não sei quem procurar. Tenho pedido paciência a Deus para suportar".
Na segunda-feira passada, a Defesa Civil interditou a Lanchonete Brumatel, na Avenida 19 de Dezembro, esquina com Campos Sales. As vigas que sustentam o telhado do imóvel se partiram e ameaçam cair.
Damião Cândido dos Santos, 58, dono da lanchonete, mudou-se para um prédio próximo, na mesma quadra. Na quinta-feira, ele terminava a mudança e lamentava. "Não vai caber tudo que tinha no outro prédio. Lá eram 60 metros quadrados, aqui são cerca de 30", compara. "Tive que deixar muitas coisas lá".
A lanchonete funcionava no local há 9 anos. Ele reclama que perdeu 80% de sua clientela depois que começaram as obras. "Há um ano fiz uma reforma na lanchonete e gastei R$ 60 mil que emprestei do banco. Agora, estou endividado e sem poder trabalhar". Santos conta que a empreiteira ofereceu R$ 4 mil, mais a reforma do imóvel, mas não houve acordo. "Agora, procurei um advogado", informa.
Mais moradores da região reclamaram de fissuras nas paredes e lajes de seus imóveis. Na Rua Sant’Ana, o estudante Renato Terra, 21, conta que depois das explosões partes do gesso da casa onde mora caíram.
Procurada por O Diário, a empreiteira CR Almeida afirmou que os esclarecimentos sobre o problema caberiam à Urbamar (Urbanização de Maringá), órgão responsável pela fiscalização da obra. Segundo a Urbamar, cada caso está sendo analisado.
"As detonações acontecem a 250 ou 300 metros de distância das edificações. No caso da lanchonete, é o imóvel que fica mais distante, na outra ponta da quadra", diz Edson Cantadori Filho, assessor técnico da Urbamar e responsável pela fiscalização das obras. Ele diz que há imóveis que têm problemas antes mesmo do início das obras.
Segundo Cantadori, as situações mais problemáticas são administradas pela empreiteira e nem passam pela prefeitura. "A CR Almeida está dando assistência a essas pessoas. Quem tiver dúvidas, deve procurá-la".
Ele informa que a construtora vai contratar uma empresa para saber se as explosões estão realmente prejudicando os imóveis. Cantadori explica que as detonações, que deve prosseguir até meados de agosto, são necessárias porque o terreno é rochoso.
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