sábado, 23 de julho de 2011

Passageiros reclamam de atrasos e descaso das companhias do aeroporto de Maringá

Se dependesse da companhia aérea, o vendedor Antonio Carlos Mendes Silva teria perdido a final da Copa América, que será disputada amanhã, em Buenos Aires. Ele ganhou o ingresso para a partida numa promoção, que inclui visita à capital argentina e à estação de esqui de Bariloche.
Na manhã de ontem, ele saiu de Douradina e percorreu de carro 214 km até Maringá, apenas para descobrir que seu voo até São Paulo havia sido cancelado. "O jeito foi alugar um carro para ir até Londrina e conseguir conexão até SP. Gastei R$ 1,1 mil que não estavam previstos", diz.
Da turma de 12 pessoas que iriam conhecer a Argentina, 8 conseguiram chegar para o embarque. A Trip, que levaria Silva até São Paulo, não ofereceu uma alternativa que lhe permitisse chegar a tempo para embarcar para Buenos Aires.
Viagem para a Copa América começou
mal para Antônio Carlos
A semana foi marcada por cancelamentos de voos que irritaram os usuários do Aeroporto Regional Silvio Name Junior. Mesmo quando as empresas aéreas alegam problemas climáticos, os passageiros reclamam do descaso com que são atendidos.
O consultor Anderson Átila teve dois voos cancelados antes de conseguir voltar para sua cidade, Belo Horizonte (MG). Ele participa de treinamento de jovens no mercado de trabalho e terá que vir a Maringá pelo menos uma vez por mês. "Este destino aqui é rebarba para as companhias aéreas. Quem quiser vir, vem por sua própria conta e risco".
O vendedor Ricardo Carvalho nasceu em Maringá e vive em Caxias do Sul (RS). Ele vem ao Paraná de 3 a 4 vezes por mês e reclama do serviço.
Ontem, chegou 12h depois do previsto inicialmente, pela Azul. "Teria que chegar às 23h, mas o voo foi cancelado e queriam nos trazer para Maringá de ônibus, que mais parecia veículo de transporte de boia-fria".
Os passageiros recusaram o transporte rodoviário e foram hospedados em Campinas (SP), de onde partiu o voo, para embarcar no dia seguinte para Maringá. A Gol também cancelou um voo nesta semana.

Inevitável
Para o superintendente do aeroporto, Marcos Valêncio, cancelamento de voos por problemas climáticos é inevitável. "Trabalhamos com um nível de segurança, pois se tratam de aviões que transportam pessoas. Se não houver um mínimo de segurança, a operação não pode ser feita".
Em geral, o aeroporto fica fechado quando chove intensamente ou há nevoeiro na região. Valêncio afirma que o índice de fechamento do aeroporto de Maringá é um dos mais baixos do Brasil. "A taxa é de apenas 1% sobre as horas trabalhadas/ano".
O superintendente afirma que para que pousos e decolagens pudessem ser realizados sem risco de cancelamento seria necessária a instalação de um equipamento chamado ILS, categoria 3. "Só assim seria possível fazer o chamado ‘pouso cego’, mas não há um aeroporto no Brasil com esse equipamento".
O ILS categoria 1, mais simples, custa R$ 5 milhões. "Além disso, é preciso instalar equipamento nos aviões e treinar a tripulação", comenta. O equipamento permite que a aeronave se aproxime da pista, mesmo quando não há visibilidade, até que a distância seja suficiente para visualizar o local de pouso.


Mais caros
Os usuários reclamam ainda do preço da passagem, que é mais alto para Maringá na comparação com outros destinos. O preço promocional de um voo para São Paulo pela Gol, com embarque no dia 1º de setembro e retorno no dia seguinte, é 87,72% mais caro quando sai de Maringá, na comparação com saídas de Londrina.
Pesquisa no site da companhia mostra que o valor é de R$ 149,80 para a viagem ida e volta entre Maringá e São Paulo (Guarulhos), pela tarifa programada. A mesma viagem, para as mesmas datas, sai por R$ 79,80 com embarque em Londrina.
Movimento
315.523 passageiros passaram pelo aeroporto de Maringá no primeiro semestre deste ano

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