sábado, 23 de julho de 2011

40% dos pacientes do Hospital Municipal de Maringá são de fora

De cada 5 pacientes atendidos no Hospital Municipal (HM) de Maringá, 2 vêm de municípios vizinhos. A situação é mais comum às sextas-feiras à noite, em feriados e épocas de festas, quando os postos de saúde das cidades da região fecham, concedem férias coletivas aos funcionários ou diminuem o horário de funcionamento. Sem médico nos postos, a saída que o doente encontra é recorrer a Maringá.
O HM só é referência regional na emergência psiquiátrica. Os 26 leitos atendem pacientes de 66 municípios das regionais de Maringá, Campo Mourão e Cianorte. Para atendê-los, o hospital recebe recursos estaduais, mas o restante da manutenção é bancado pela prefeitura. O custo médio da unidade chega a R$ 1 milhão/ mês.
O secretário de Saúde de Maringá, Antônio Carlos Nardi, diz que a vinda desses pacientes ao hospital acarreta uma série de problemas. "Acaba deturpando o conceito de urgência e emergência", diz.
"Porque uma dor de barriga pode ser indício de uma urgência, mas a unha encravada, não. E às vezes é isso que nos chega", comenta. A consequência, relata Nardi, é um hospital sobrecarregado, com fila de espera e superlotado.
Os pacientes só deixam o município onde moram para procurar atendimento em outra cidade quando há uma falha na atenção básica nos seus locais de origem. "O único jeito de isso não acontecer é o paciente se sentir seguro na cidade onde vive e conseguir o atendimento de saúde que precisa", pontua a diretora do HM, Rosimeire Munarin.
"A situação tende a ser regularizada com a informatização e com a distribuição do Cartão Saúde Maringá. Aí eu poderei colocar um breque", emenda Nardi.
A maioria dos doentes vêm de Sarandi e Paiçandu, onde o Ministério Público propôs ação contra o Estado para obrigar o governo do Paraná a interferir na gestão do sistema de saúde. No estacionamento do hospital, O Diário encontrou, na última segunda-feira, dois carros com placas de cidades vizinhas. Um morador de Sarandi, que foi ao HM à procura de atendimento, foi abordado, mas não quis dar entrevista.
Pela classificação de risco, o hospital tem atendido apenas casos de urgência. Os pacientes fora de perigo e que não moram em Maringá são dispensados. "Mas, primeiro, ele passa por avaliação e só é liberado se não tiver pressão alta e febre", diz Rosimeire. Nesses casos, médicos e enfermeiros o aconselham a voltar ao município de origem. "Muitos reclamam e não aceitam".

Endereço falso
No balcão de atendimento, Rosimeire diz que não são raros casos de endereço falso. Na busca aflita por um médico, há pacientes que mentem, afirmando que moram em Maringá.
"Tem gente que vem sem o cartão SUS e só percebemos a mentira quando recebe alta. Eu até entendo. A pessoa está na cidade, busca atendimento, mas não consegue. Mas no município vizinho tem".
Estrutura
94 leitos do SUS tem o HM (42 adultos, 6 para emergência, 20 pediátricos e 26 psiquiátricos)

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