quinta-feira, 21 de julho de 2011

Dona de propriedade rural recebia Bolsa Família em Maringá

Moradora da zona rural de Maringá, dona de propriedade rural, com moto, carro seminovo e camioneta na garagem. Esse é o perfil de Roselene Grava Silva, identificada pela Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Sasc), durante checagem dos beneficiários do Bolsa Família na cidade.
Ela foi inscrita no programa do governo federal que concede benefícios a famílias carentes em 2007 e recebeu o primeiro pagamento em maio daquele ano. A última parcela, de R$ 44, foi recebida em novembro do ano passado, quando o benefício foi bloqueado pela Sasc em razão das condições econômicas da beneficiária.
Agora, Roselene é uma das quatro mulheres que são alvo de inquéritos da Polícia Federal (PF) de Maringá por estelionato, pois teriam, no mínimo, omitido informações para conseguir um benefício a que não teriam direito.
A reportagem de O Diário ligou para o telefone de Roselene. O marido dela atendeu e não quis conceder entrevista. Durante a conversa, disse que "a culpa não é de quem recebe, mas de quem concede o benefício".
A informação se tornou pública somente ontem, após o secretário da Sasc, Ulisses Maia, confirmar a existência de investigação policial sobre fraudes no Bolsa Família em Maringá. "É possível que existam mais casos e acreditamos que com a divulgação outras pessoas possam procurar a Sasc espontaneamente para devolver o benefício",diz.
Segundo Maia, apesar do valor mensal do benefício parecer pequeno, quem recebe irregularmente pode prejudicar uma família que realmente precisa do dinheiro.
"É possível que em Maringá ou em outras cidades do Brasil, existam pessoas que têm o direito e não recebem nada. Quem recebe indevidamente ocupa o espaço de quem precisa. Na medida que alguém deixa de receber, outro vai conseguir entrar no programa".
Quem deixa de se enquadrar nas exigências do programa tem que procurar a Sasc e pedir o cancelamento do benefício. "Não é muito, mas acontecem devoluções espontâneas de famílias que conseguiram melhorar as condições e decidiram renunciar ao benefício", explica o secretário.

Iniciativa
No último dia 18, Késia da Silva Pereira Pacheco, uma das quatro mulheres investigadas, procurou a Sasc, assinou o pedido de cancelamento e foi até a Caixa Econômica Federal devolver o dinheiro recebido. No ano passado, quando a Sasc descobriu que Késia tinha um carro no nome dela, o benefício foi bloqueado.
Por telefone, ela explicou à reportagem que fez o cadastro há cerca de 6 anos, quando precisava do benefício, mas só veio a recebê-lo em outubro do ano passado, numa única parcela e, logo em seguida, teve o benefício suspenso.
Quando esteve na Sasc para questionar a suspensão, decidiu devolver o dinheiro. "Tive dificuldade, mas fiz questão de devolver. Acredito que vão aparecer outras pessoas nesta situação. A gente vê que tem muita gente com bens que recebe", diz.
Maria Elena da Silva e a nora Elizabete de Toledo Camargo, que moram em duas casas no mesmo terreno no Conjunto Requião, também são investigadas pela PF, pois a Sasc averiguou que ambas não precisavam do benefício e que a família era proprietária de veículos.
Maria recebeu a última parcela, de R$ 66, em abril de 2010, e Elizabete recebeu o último benefício, de R$ 90, em julho do ano passado.
Ontem, a reportagem esteve no endereço das duas e viu um GM Vectra na garagem e uma pessoa reformando o portão. Os moradores informaram que nenhuma das duas beneficiárias estava em casa e que Maria havia ido ao Centro para tentar resolver o problema.
Em Maringá
R$ 344 mil é o valor gasto por mês com o Bolsa Família. Ao todo, 5.770 famílias são beneficiadas

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