quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Borracheiro vai recorrer de multa milionária

No início da noite de ontem, um homem coçava a cabeça e olhava para o motor do Santana ano 2001, que ferveu na Avenida Guaiapó. No banco de trás, uma mulher e uma criança aguardavam o desfecho do caso, que seria pouca coisa, não fosse a maré de azar que a família vem enfrentando.
Era o borracheiro Reginaldo Luiz Pergo, conhecido pelos amigos como Gordo, e que estava com a cabeça tão quente quanto o radiador do carro.
Pergo, dono da Borracharia do Gordo, no Contorno Sul, foi multado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) após ter pneus do estabelecimento furtados e queimados durante um protesto de moradores do Jardim Bertioga.
No auto de infração, o valor da multa é descrito como sendo no valor de entre R$ 500 a R$ 10 milhões. A multa será contestada e o borracheiro já arrumou advogado. Mas seus problemas não pararam por aí.
Ontem pela manhã, a fiscalização do IAP voltou à borracharia. "Mandaram eu limpar toda a pista, para não levar outra multa", diz o borracheiro. Enquanto Pergo e um funcionário tiravam com uma pá as sobras de pneus queimados da pista, chegou a fiscalização da prefeitura.
Rafael Silva
Em 3 dias, Pergo foi furtado, multado e teve a borracharia interditada
"Aí viram que o engenheiro que fez a borracharia não tinha registro no Crea e interditaram tudo", conta. Uma pequena lanchonete que ele tinha aberto ao lado da borracharia estava sem alvará e também foi lacrada. Pior também para o funcionário, que acabou recebendo férias forçadas.
Pergo estava dando carona para o funcionário, que mora no Conjunto Karina, quando o carro ferveu. Enquanto jogava água no motor comuma garrafa pet, ele atendeu a O Diário -- a entrevista estava marcada para ser próximo à casa do funcionário, mas o carro dele pifou no trajeto.
"Fui roubado e o IAP ainda diz que fui eu quem colocou fogo nos pneus. Um amigo meu ligou para a polícia no dia, disse que o povo ‘tava’ levando tudo. E agora me multam em R$ 10 milhões, é brincadeira, né?", desabafou.
Consultada por O Diário, a advogada e analista ambiental Laila Menechino diz que o auto de infração aplicado ao borracheiro pode até ser anulado, por não dar o valor preciso da multa.
"Aquele valor é o limitado pela legislação, não o que tem que ir no auto de infração. Isso pode até gerar a nulidade da multa",diz. Também pesa a favor do borracheiro o fato de ele ter sido vítima de furto, enquanto que no auto de infração ele é multado como sendo o autor do incêndio.

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