sexta-feira, 19 de agosto de 2011

CPI do SUS quer solução para fila de idosos no HU de Maringá

Douglas Marçal-17/8/11
Idoso está na fila por uma cirurgia no Hospital Universitário
"Concluímos que o poder público não preza pela saúde dos idosos de Maringá, que já estão com a sentença declarada: que aguardem a morte", dispara Silvia Helena Cerezini, filha do aposentado Roque Cerezini, 83 anos, que ontem passou mais um dia, o 11º, segundo a família, internado no Hospital Universitário de Maringá à espera de uma cirurgia na perna. Cezarini quebrou o fêmur em acidente doméstico.
Cansada de esperar por uma providência dos hospitais, que não se entendem sobre a responsabilidade sobre o atendimento aos pacientes, Silvia informou que a família registrou ontem um boletim de ocorrência na Delegacia de Maringá "pela negligência da qual nosso pai está sendo vítima".
O sentimento de descaso relatado por Silvia é semelhante aos dos deputados paranaenses que integram a CPI do SUS. Após terem conhecimento da notícia publicada ontem por O Diário, de que vinte pacientes aguardam por uma cirurgia ortopédica na cidade, entre eles dez idosos, o presidente da CPI, Leonardo Paranhos (PSC) informou que pretende retornar a Maringá, se as falhas no atendimento não forem solucionadas. "Se a situação dos idosos não for resolvida imediatamente, a CPI volta a Maringá neste sábado e vai intervir para resolver o problema", afirma.
Na avaliação de Paranhos, é inadmissível que os problemas no atendimentos aos idosos persista por mais tempo no Paraná, onde pelas contas da CPI existem 3 mil leitos do SUS ociosos. "Vamos mobilizar o Ministério Público, o Tribunal de Contas, Promotoria de Defesa do Consumidor, o que for necessário, para que as pessoas tenham seus direitos respeitados", diz.
O deputado critica a falta de entendimento entre os hospitais da cidade sobre a responsabilidade para atender os pacientes e afirma que, se for preciso, vai buscar a responsabilização criminal dos responsáveis. "Se não houver entendimento, vamos formalizar uma denúncia, buscar o amparo da Justiça e responsabilizar criminalmente os responsáveis por esse quadro absolutamente desumano", critica.
Antes de confirmar o retorno a Maringá no sábado, Paranhos pretende acompanhar a evolução do caso . "Amanhã (hoje) vamos ficar de vigília, o dia todo em busca de informação. Se nada for feito, vamos a Maringá tomar providências. Não é possível que, por negligência, deixem dez idosos nesta situação", aponta.
O atendimento da aposentada Sebastiana Fidelix Cristelli, 83 anos, internada no HU desde 28 de julho, também não avançou ontem. Ele ainda divide um quarto de enfermaria com outras duas idosas e, continua à espera da operação no fêmur, quebrado em queda no quintal de casa.
Os problemas no setor de ortopedia já motivaram uma vistoria da CPI do SUS à cidade e, nos últimos meses, resultaram em ações judiciais da Promotoria de Defesa da Saúde Pública contra o HU, o Estado e o Município.
HU
De acordo com a lista do HU divulgada ontem, oito pessoas devem ser operadas no Santa Rita, quatro no Metropolitano em Sarandi, três na Santa Casa e duas no próprio hospital. Os pacientes aguardam vagas no HU e não no estabelecimento onde vão ser operados porque a instituição é porta de entrada de emergência para o Sistema Único de Saúde (SUS) em Maringá. (colaborou Carla Guedes).
Estrutura
2 salas de cirurgias tem o Hospital Universitário de Maringá

RECORRENTE
* Janeiro de 2011 - O Conselho Tutelar ameaça acionar o MP caso o HU não opere, cinco crianças e um adolescente que aguardam por cirurgia.

* Maio de 2011 - Acatando pedido do MP , Justiça determina que o HU opere sete pacientes que aguardam na fila. Promotoria pede que a UEM e a prefeitura sejam multadas pelo não cumprimento da decisão.

* Junho de 2011 - Após novas decisões judiciais, obrigando-o a relizar cirurgias, HU pede para deixar de atender urgência. MP instaura procedimento para investigar os problemas nas cirurgias. Acordo determina pelo menos até dezembro o HU siga atendimentos de ortopedia.

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