Ele é o filho mais velho de Ondina de Oliveira, 93. Ela não o via desde que Joãozinho, como é chamado, tinha 2 anos. Na época, dona Ondina deixou o Espírito Santo com os dois filhos mais novos, e após passar por várias cidades, veio para Atalaia, na região de Maringá.
Muito nervosa, a mãe aguardava o reencontro com os olhos vermelhos e com mãos trêmulas. Ao contar sua história, alguns anos e dados já estavam apagados. A única coisa da qual não se esqueceu foi a busca por João. "Eu mandava carta e voltava. Pedia para meus filhos acharem ele, mas nada", afirmou.
Maria e Pedro Oliveira cresceram sabendo da existência do irmão mais velho, mas nunca conseguiram estabelecer contato com os parentes capixabas. As ferramentas da internet, como rede sociais, foram a última tentativa de reencontrar Joãozinho.
Douglas Marçal
Cercados de parentes e amigos, Joãozinho e dona Ondina dão o abraço aguardado há mais de meio século
Joãozinho foi criado pela avó e depois dela falecer, pela irmã de dona Ondina, no Espírito Santo. Quando a mãe o deixou, ele morava em um sítio perto de Vitória. Agora, reside em Vila Velha, com a esposa. Tem dois filhos, nora e neto. Todos estavam a caminho de Maringá, uma viagem de 28h.
O encontro ficaria para dezembro, mas devido à idade avançada de dona Ondina, Roseclei procurou ajuda de conhecidos para custear a passagem.
E, na manhã de ontem, João foi um dos primeiros a desembarcar e brincou, após 28h de viagem: "Mas que lugar longe vocês escolheram para morar".
A brincadeira logo deu lugar à emoção. Ao reconhecer a mãe, que tinha visto por fotos, João chorou muito e apontou a filha Juliana Batista, 24.
"Ela é a sua cara". Dona Ondina, que os filhos Pedro e Maria disseram ser uma mulher muito reservada, não encontrou palavras para explicar a felicidade que sentia. Mesmo à distância, sempre esteve preocupada com Joãozinho. Um corte na orelha direita do filho logo chamou a sua atenção.
"Depois eu conto como eu consegui essa cicatriz, mãe", disse o filho, após dar muitos beijos e abraços na mãe.
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