terça-feira, 23 de agosto de 2011

Policiais militares vão a júri popular nesta quarta-feira

Dois policiais militares (PMs) de Maringá vão a júri popular amanhã para responder pela morte de Rodrigo Aparecido Sales Rodrigues, 21 anos, conhecido como Besteirinha, em 2004, no Conjunto Santa Felicidade, zona sul da cidade.
Familiares da vítima e integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa são categóricos ao afirmar que Rodrigues foi executado ao tentar se esconder debaixo de uma cama e dizem que a arma encontrada ao lado do corpo teria sido "plantada".
Denunciados por homicídio qualificado e fraude processual, os PMs contestam as acusações e dizem ter agido em legítima defesa, uma vez que o rapaz – que possuía uma extensa ficha criminal - estava armado e teria reagido ao ser localizado.
Besteirinha: vasta ficha criminal
Marcada para às 8h30, a sessão será presidida pelo juiz Cláudio Camargo dos Santos. Na acusação atuará o promotor Edson Aparecido Cemensati, que contará com a assistência do advogado Marco Alexandre de Souza Terra. A defesa dos réus será apresentada pelo criminalista Israel Batista de Moura.
A Associação das Mães de Vítimas da Violência de Maringá confirmou presença no julgamento e seus membros deverão usar camisetas pedindo a condenação dos réus. Contrário à manifestação, outro grupo ligado aos policiais também marcará presença usando camisetas com pedidos de absolvição.

Histórico
De acordo com os autos do processo, o fato teve início por volta de 1h do dia 23 de março de 2004, depois de Rodrigues assaltar uma pedestre na Rua Raul Seixas e roubar bolsa dela contendo documentos, cartão bancário, relógio e objetos pessoais.
Após a fuga do assaltante, a vítima ligou para a PM e informou que o autor do crime seria Rodrigues, morador do Santa Felicidade. Localizado pela PM por volta das 16h do, Rodrigues tentou fugir, mas foi alvejado com um tiro na perna esquerda. Mesmo ferido, conseguiu saltar alguns muros e se escondeu dentro de uma casa, onde foi cercado e morto a tiros.
Os policiais afirmaram que Rodrigues, que estava debaixo de uma cama, havia reagido com um revólver calibre .32 com a numeração suprimida.
Após ouvir dezenas de testemunhas e analisar laudos médicos, o Ministério Público decidiu denunciar os PMs Hélio Reis e Willian Motta por homicídio qualificado (por impossibilitar defesa à vítima) e fraude processual (pela arma encontrada junto ao corpo).
Eles negam as acusações e garantem que a vítima, que tinha extensa ficha criminal por roubos, furtos e posse de droga, era de alta periculosidade.
A fama de Rodrigues era tamanha que o rapaz, mesmo depois de morto, mereceu destaque em uma tese de Doutorado em Sociologia desenvolvida na Universidade Estadual de Maringá (UEM).
No trabalho, moradores do bairro confirmaram a periculosidade do rapaz, que costumava assaltar até mesmo vizinhos e conhecidos. Entre os diversos crimes atribuídos a Rodrigues, um deles chamou a atenção: o roubo de uma pistola de um agente da Polícia Federal (PF).

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