sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Em quatro anos, abandono dobra

O abandono escolar praticamente dobrou num período de 4 anos no ensino fundamental em Maringá. De 2007 a 2010, o Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), registrou aumento de 0,9% para 1,8% nas ocorrências de evasão.
As escolas estaduais apresentam o maior índice de abandono, 4,3%, com maior concentração nas séries finais. De 5ª a 8ª série ou de 6° ao 9° ano - nos colégios que trabalham com o ensino de 9 anos – o abandono é de 4,5%.
O Colégio Estadual Duque de Caxias lidera o ranking, com 12,9%. De acordo com Rosângela Constantino, diretora-geral da escola, a evasão é alta na instituição por causa do ensino fundamental noturno. "O nosso colégio, assim como todos que têm o ensino fundamental noturno, tem uma particularidade.
O período noturno é bem diferente do ensino fundamental diurno. A taxa de evasão é bem maior, e isso acaba levantando a média do colégio. Os alunos trabalham e já entram fora da idade média. Muitas vezes acabam desmotivados e desistem. Também temos muitos alunos que já tiveram problemas em outras escolas", explica.
A secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP), Maria Genovês, concorda que os números estão diretamente relacionados com o ensino fundamental noturno. Como os alunos precisam ter acima de 14 anos de idade, eles já entram com idade defasada na classe noturna.
"É um público diverso. Tem aqueles trabalhadores, esforçados, mas também tem aqueles que são mandados para o curso noturno por atrapalharem de manhã. Vão por decisão judicial, encaminhamento do Conselho Tutelar, só porque precisam estar matriculados", afirma.
O presidente da APP, Claudemir Feltrin, conta que um complicador é a excessiva preocupação do Estado em matricular sem considerar que esses alunos podem não ter condições de acompanhar e frequentar as aulas. "Eles começam o ano, mas logo faltam, depois desistem".

Município e particular
Nos 4 anos, a rede municipal e particular mantiveram seus porcentuais: a primeira com 0,2% e a outra com 0,1%. A escola particular Arte do Saber, que aparece como 3° lugar em abandono, contestou o número e informou que deve entrar em contato com o Inep para questionar o porcentual. De acordo a instituição, todas as transferências são acompanhadas. A escola atende 20 crianças em 3 séries.
Procurados, Núcleo Regional de Educação e Secretaria de Estado de Educação não se manifestaram até o fechamento da edição.
Panorama

"Números não são preocupantes"
Luiz Carlos F. da Silva >> Doutor em Educação

O Diário - Preocupa 1,8% de evasão?
Não, esses números ainda estão muito baixos. Mesmo que seja maior nas escolas estaduais, é preciso ver em quais anos esse abandono está acontecendo, considerar que parte disso pode ser transferência para depois ver se é realmente evasão. A maior preocupação é se eles estão aprendendo. Já temos escola para todo mundo. A dificuldade ainda é a qualidade. Ao contrário do que a maioria dos educadores pensa, eu acho que o baixo estoque de atividades cognitivas é um fator importante de evasão no ensino médio.

O Diário - O maior abandono é de 12,9% . Este número é representativo?
É preocupante. É preciso conhecer as condições desse abandono. Não acredito que a evasão seja grande, mesmo nas classes mais baixas. Já no ensino fundamental noturno, tem o atrativo da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Alunos acabam deixando o ensino regular e vão para o EJA, mais fácil e rápido.

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