quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Casa Geminada divide vereadores e causa tumulto na Câmara

Sob vaias, gritos e xingamentos de um público que lotou a Câmara de Maringá, foi rejeitada na tarde de ontem a inclusão, em regime de urgência, do projeto que prevê o fim do cadastro de quem pretende construir casas geminadas.
O placar foi apertado: 8 votos a 7. Os protestos fizeram o presidente da Câmara, Mário Hossokawa (PMDB), encerrar a sessão antes do previsto.
Com a recusa de se incluir o projeto em pauta, agora ele segue para as comissões da Câmara e não tem data prevista para voltar à votação.
Fotos: Ricardo Lopes
A não inclusão da propositura em regime de urgência também marcou uma vitória do prefeito Silvio Barros (PP), que antes da sessão ligou para os celulares dos vereadores pedindo que o projeto não entrasse na discussão do dia – havia o receio que, diante da pressão do público, ele fosse aprovado.
Wellington Andrade (PRP) recebeu a ligação minutos antes o início da sessão. "Ele [Silvio] pediu tempo", disse. Apesar disso, Andrade votou a favor da urgência, junto Humberto Henrique (PT), Mário Verri (PT), Marly Martin (DEM), Belino Bravin (PP), Manoel Sobrinho (PCdoB) e Flávio Vicente (PSDB).
Votaram contra a urgência Carlos Eduardo Saboia (PMN), que mudou de ideia, porque havia garantido que votaria pelo fim do cadastro, John Alves Correa (PMDB), Paulo Soni (PRP), Luiz do Postinho (PRP), Heine Macieira (PP), Márcia Socreppa (PSDB), Aparecido Domingos Regini (PP) e Mário Hossokawa (PMDB). O presidente da Casa fugiu da rotina e participou da votação. Caso não o fizesse, teria de dar o voto de desempate, o que aumentaria seu desgaste diante do público.
Fotos: Ricardo Lopes
Líderes do movimento discutem com Saboia antes da votação
Debates
Líder do prefeito na Casa, Heine Macieira (PP) disse que tinha dois recados ao demais vereadores e ao público: "Não há proibição alguma às casas geminadas. E o prefeito considera a possibilidade de rever esse projeto daqui a alguns meses".Carlos Eduardo Saboia (PMN) pediu tempo à população para que os vereadores possam "sensibilizar" o prefeito. "Queremos que vocês confiem nos vereadores", disse.
John Alves Correa (PMDB), subiu à tribuna para afirmar que não cederia à pressão e chamou o movimento de defesa das casas geminadas de político. "Não tem necessidade de votar em regime de urgência, porque não é urgente", afirmou.
O discurso de John foi rebatido pela bancada do PT. "Prefiro um movimento político a um movimento financeiro", disse Mário Verri. Já Humberto Henrique focou na questão da urgência. " uma questão de urgência sim, para acalmar o mercado. Os preços dos terrenos já dispararam por causa dessa lei", disse.
Humberto também criticou a postura de Saboia, ao afirmar que a Câmara não precisa "sensibilizar" o prefeito. "Somos nós quem fazemos a lei, somos um poder independente".
Assim que o placar foi definido, começou o tumulto no público, formado em boa parte por construtores, pedreiros e trabalhadores em lojas de materiais de construção. Clayton Damasceno, ex-vereador de Sarandi e líder do movimento de defesa das casas geminadas, fez da tribuna um discurso de que a luta continuaria.
Foram cerca de 5 minutos de vaias e xingamentos até que Hossokawa anunciasse o fim da sessão. A Guarda Municipal foi chamada, mas não foram registrados maiores problemas. Entre o grupo que organizou o protesto, ficou definido que serão realizadas novas manifestações, com carros de som e protestos em frente à prefeitura.
Opiniões
Heine Macieira, votou contra
a urgência
"O prefeito não proibiu nada,
não existe nenhuma proibição.
E ele está disposto a reavaliar
essa situação daqui a alguns
meses"
Manoel Sobrinho, votou a
favor da urgência
"Nasci numa casa de sapê, filho
de mãe solteira. E apesar dos
preconceitos, seguimos em frente
porque tínhamos casa própria"
Carlos Eduardo Saboia,
votou contra a urgência
"Queremos que vocês confiem
nos vereadores. Vamos votar
a favor das casas geminadas,
mas nos deem tempo para
sensibilizar o Executivo"
Humberto Henrique, votou
a favor da urgência
"É uma questão de urgência
sim, para acalmar o mercado.
Os preços dos terrenos já
dispararam por causa dessa lei"

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