Os números são consequência dos itens preferidos na mesa dos adolescentes, como refrigerantes, doces, salgadinhos e biscoitos recheados, conforme mostrou pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em julho.
Segundo o estudo, os meninos de 14 a 18 anos são os que mais ingerem calorias: são 2.289 kcal por dia; quantidade 27% maior que os idosos.
Entre as mulheres, as adolescentes de 14 a 18 anos são as que têm alimentação mais calórica, com 1.930 kcal/dia. Para a cardiologista Denise Matias de Campos, é incerto saber quando os adolescentes começarão a pagar a conta por uma alimentação rica em gorduras. "Depende de outros fatores de risco familiares, como hipertensão diabetes, tabagismo sedentarismo e se há histórico de doença coronariana prematura nos pais".
A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que o exame que mede os níveis de colesterol e triglicérides seja feito já a partir dos 10 anos. Para Denise, a mudança de hábitos alimentares tem de começar pelos pais.
"Se o pai ou a mãe está acostumado a sempre comprar maionese, é hora de tentar comer um queijo cremoso, que tem menos gordura", exemplifica. "Porque a tentação do frango frito e do pastel da feira é grande para todos, não só para adolescentes".
A médica diz que a maior disponibilidade de alimentos calóricos são um convite a uma dieta pobre em nutrientes e cheia de gorduras. Mas os riscos dessa escolha são certos no futuro: alteração da glicemia, com chances de desencadear diabetes ainda jovem, e acúmulo de gordura no fígado, que compromete o funcionamento do órgão.
O consumo diário de colesterol entre os garotos de 14 a 18 anos é o mais alto entre todas as faixas etárias. Os adolescentes ingerem, em média, 282,1 miligramas por dia. Entre as meninas da mesma idade, o consumo é de 237,9 miligramas ao dia.
Médicos e Organização Mundial de Saúde recomendam ingestão inferior a 300 miligramas de colesterol por dia. Quem tem histórico de doenças cardíacas tem que consumir ainda menos: até 200 miligramas.
O professor Nelson Nardo Júnior, coordenador do Núcleo de Estudos Multiprofissional da Obesidade, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), explica que o estilo de vida deixa o adolescente exposto à alimentação não saudável.
"Hoje, ele fica muito em casa e para não causar frustração, os pais compensam a solidão do filho com o abastecimento da despensa".
Nardo cita que, há 20 anos, os adultos eram o foco das doenças crônicas, mas a mudança do padrão de alimentação incluiu crianças e adolescentes no público-alvo da promoção da saúde. Estudos recentes mostram que a idade vascular – o processo de entupimento das artérias – de adolescentes obesos, de 12 a 14 anos, é a mesma de um homem de meia idade.
O médico aconselha os pais a controlar – e não proibir – o consumo de alimentos calóricos pelos filhos. "Que reservem um dia na semana para tomar um sundae e comer um sanduíche, e não fazer disso uma rotina".
Osanete Oliveira, mãe
de jovem de 15 anos
"Não, mas em casa ela
"Não, mas em casa ela
só quer comer bobagem
e nada de fruta e
verdura. É só frango,
bife, ovo e batata frita."
Marta Rocha, mãe de
um menino de 15 anos
"Eu pago o restaurante,
"Eu pago o restaurante,
mas não sei o que ele
põe no prato. Em casa,
já cortei refrigerante e
biscoito. Só libero no
fim de semana."
Taylise Kasai, mãe de
menino de 12 anos
"Sei que ele só come
"Sei que ele só come
porcaria, salgadinho e
refrigerante. Em casa
eu só deixo ele comer
essas porcarias de vez
em quando."
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